sábado, 27 de agosto de 2011

ÉTICA E MORAL COMO ENFRENTAMENTO À INDISCIPLINA NA ESCOLA


ÉTICA E MORAL COMO ENFRENTAMENTO À INDISCIPLINA NA ESCOLA
Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher o que plantamos”.
                                                                                Provérbio chinês

Vivemos em um momento cultural da humanidade em que se valoriza muito o individualismo Os valores éticos e morais estão voltados para um espírito exageradamente competitivo. Vivemos numa era de aceleração tecnológica, de globalização aonde as informações chegam ao mesmo tempo em que acontecem, exigindo cada vez mais das pessoas. Nossa disponibilidade de tempo não aumenta na proporção em que são criados os recursos tecnológicos que por um lado facilita nossa vida, mas que por outro nos obriga à reflexão sobre as escolhas e sobre as renúncias, tirando-nos o foco de visão e desviando nossas energias para a resolução imediata de contratempos.
 Como decorrente desse processo de individualismo criado pelo sistema em que somos obrigados a se inserir, o individuo se torna essencialmente egocêntrico. A nossa educação enfatiza esse perfil de ser egoísta, de querer o tempo todo ter o melhor de tudo, de levar vantagem e obter sucesso a qualquer preço nesse mundo competitivo. Esses valores como solidariedade, generosidade humildade, coragem justiça honestidade e tantas outras ligadas à virtude, às questões de prudência estão um pouco esquecidos e fora de moda, pelas características de nossa educação, de nossa formação tradicional, mais tecnicista que faz com que o ser humano perda esse valor intrínseco de subjetividade, onde ele passou a ser rival de si mesmo. O homem está se autodestruindo com esse tipo de cultura, com essa visão de mundo que descaracteriza aquilo que tínhamos de humanidade Estamos perdendo o espírito de subjetividade e de humanidade.
A família tem a responsabilidade de formar o caráter, de educar para os desafios da vida, de perpetuar os valores éticos e morais. Mas, os pais não sabem mais como educar, como agir diante de tantas mudanças, às vezes agem de maneira oposta ao seu modo de pensar ou de como foram educados somente para não se sentirem por fora do status que a sociedade por hora impõe. Tomam tais atitudes talvez por se sentirem ignorantes por ou não refletirem sobre o quê e em quem acreditar
As pessoas diante dessas mudanças de paradigmas sentem se perdidas quanto ao seu futuro e o de seus filhos. As crianças e os adolescentes mostram-se resistentes a vivenciar e respeitar os limites que visam a assegurar a sobrevivência de si e do grupo no qual estão inseridos. Faltam lhes a sabedoria que deveriam receber dos adultos como herança ou como troca de experiência.
A escolarização formal também encontra se em crise. As crianças e jovens chegam à escola, carregados dessa formação permissiva dos pais, se achando dono do mundo, com atitudes de indiferença em relação às normas e regras que deveria garantir o convívio social. Os educadores por outro lado os vêem como malcriados, rebeldes, perdidos, inúteis, imorais, preguiçosos, sem iniciativa. Não sabem como agir diante de tantos pré-requisitos negativos os quais se apresentam. “As sanções (punições), em outros tempos utilizados por eles, não são mais aceitas e, mesmo quando são aplicadas, parecem ser ineficientes. Em relação às novas, quando eles as conhecem, ou se mostram céticos (pessimistas) em relação a sua eficácia ou não sabem quais devem ser aplicadas.” SILVA (2004, p. 16).
Novos valores afetam a relação ético-pedagógica, há um conflito de valores em nosso tempo causado, talvez pelo impacto da globalização e a escola tem sido vítima desse processo.
Silva (2004) traça algumas considerações sobre o tema, ética e relaciona-o com a (in)disciplina e seus reflexos no processo ensino-aprendizagem. “indisciplina é, em parte, produzida pelas relações interpessoais e só pode ser superada se esta dimensão for trabalhada levando-se em consideração aspectos sociais mais amplos e outros diretamente ligados à política educacional em vigência”.
Para o autor indisciplina e, por conseqüência de disciplina,

É toda ação moral executada pelo sujeito e que está em desacordo com as leis impostas ou construídas coletivamente, tendo o indisciplinado consciência ou não deste processo de elaboração, Independente, se o aluno desobedeceu a regras colocadas de maneira arbitrária ou se as desobedeceu sem ter consciência dessa transgressão. O que importa como ato moral é que ele desobedeceu e, portanto, cometeu um ato de indisciplina.

Essas ações, na escola, são comuns. Daí a necessidade de se trabalhar ética e moral. Mas o que está sendo feito para dar conta dessa lacuna do currículo nas escolas?
Os “Parâmetros Curriculares Nacionais” – PCNs (Brasil, 1997), trás como “Temas Transversais” a Ética com o objetivo “de alcançar e fortalecer a meta maior que é a formação do cidadão. [...] Os conteúdos apresentados estão referenciados ao princípio da dignidade do ser humano, um dos fundamentos da Constituição brasileira.” (PCNs, 1997, p.91)
No entanto a Proposta Curricular do Paraná, elaborada coletivamente, não traz especificamente como trabalhar essa questão. Nela discute-se como trabalhar os Temas Sociais Contemporâneos apresentados nos “Cadernos Temáticos: Desafios Educacionais Contemporâneos” os quais estão direcionados aos profissionais da educação, educandos, seus pais e toda a comunidade. Tais desafios trazem as inquietudes humanas, as relações sociais, econômicas, políticas, e culturais, levando-se a avaliar os enfrentamentos que se deve fazer dentro da diversidade cultural, trabalhadas no contexto em que se dá a escola, nas diferentes áreas de estudos.
O Ministério da educação elaborou um caderno como subsídio para (re) elaboração do currículo das escolas. Em sua apresentação Gomes (2008, p. 6) consta que,
 A liberdade de organização conferida aos sistemas por meio da legislação vincula-se à existência de diretrizes que os orientem e lhes possibilitem a definição de conteúdos de conhecimento em conformidade à base nacional comum do currículo, bem como a parte diversificada, como estabelece o Artigo 26 da vigente Lei de diretrizes e Bases da educação Nacional – LDB nº9. 394 20 de dezembro de 1996: “Os currículos do ensino fundamental e Médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela”. GOMES ( 2008, p. 6)

A Escola Pública do Paraná sempre tem oportunidade de discutir a constituição e reformulação do currículo. Deve, no entanto aproveitar essas oportunidades para melhor refletir sobre a constituição de um documento que, mais do que a distribuição de disciplinas e conteúdos, promova, por meio de estratégias dinâmicas, discussão, reflexão, questionamentos a respeito da implementação da ética e da moral como elemento obrigatório, presente no currículo, dentro do qual deve ser vista como um eixo orientador no contexto da diversidade Entende-se por diversidade a construção histórica, cultural e social das diferenças
Justifica-se a necessidade urgente de se trabalhar ética e moral como conteúdo junto às demais disciplinas, visto que este tema pode ajudar por um lado nossas crianças e jovens que não estão tendo oportunidade de receber esta formação que antes era exclusiva da família e que por diversas razões não estão mais cumprindo com sua função Por outro lado pode ajudar o professor a cumprir com o papel da escola que é propiciar as crianças e jovens espaços e ambiente educativo que ampliem a aprendizagem, reafirmando-a como lugar do conhecimento, do convívio da diversidade, da sensibilidade, condições imprescindíveis para a construção da cidadania.
Além demais, discutir ética e moral junto à diversidade podem contribuir para que muitos dos problemas de indisciplina e violência sejam amenizados, uma vez que estas questões determinam e organizam o comportamento humano dos sujeitos.
Corroborando para a justificativa, ainda no caderno de Indagação sobre Currículo encontramos:

Posicionamo-nos em defesa da escola democrática que humanize e assegure a aprendizagem. Uma escola que veja o estudante em seu desenvolvimento – criança, adolescente e jovem em crescimento biopsicossocial; que considere seus interesses e de seus pais, suas necessidades, potencialidades, seus conhecimentos e sua cultura. GOMES (2008, p. 7)

A relação entre ética e diversidade nos coloca diante de práticas e políticas voltadas para o respeito e para as diferenças e para a superação dos preconceitos e discriminação. Nesse sentido acrescentamos que “o reconhecimento do aluno e do professor como sujeitos de direitos é também compreendê-los como sujeitos éticos. (GOMES, 2008, p. 32).
Para a autora, discutir a diversidade no campo da ética significa rever posturas, valores, representações e preconceitos que permeiam a relação estabelecida com os alunos, com a comunidade e demais profissionais da escola.
Segundo Amauri Carlos Ferreira (2006, p. 32) in (GOMES, 2008, p. 33),
A ética é referencia para que a escolha do sujeito seja aceita como um princípio geral que respeite e proteja o ser humano no mundo, Nesse sentido, o ethos, como costume, articula-se às escolhas que o sujeito faz ao longo da vida. A ética fundamenta a moral, ao expressar a sua natureza reflexiva na sistematização das normas.

Levar ao cotidiano das escolas reflexões sobre ética, os valores e seus fundamentos, trata-se de gerar ações, discussões sobre seus significados e sua importância para o desenvolvimento dos seres humanos e suas relações com o mundo. Conforme define Silva (2004, p.23):

O termo ética (do grego ethos, que quer dizer etimologicamente “costume”), e resumidamente, significa reflexão sobre a moral, logo para entender o que significa ética é preciso também entender o significado de moral. Basicamente moral (do latim morus, que também quer dizer “costume” ) significa um conjunto de regras, normas e leis que determinam ou orientam os comportamentos dos indivíduos numa dada sociedade.SILVA ( 2004, p. 23).

Logo, aprender viver em sociedades, isto é, ser cidadão é entre outras coisas, aprender a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não violência. Para isso é preciso aprender a respeitar regras, usar o diálogo, nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes precisam ser aprendidos e desenvolvidos pelos alunos e, portanto devem ser ensinados na escola.
No entanto, como sabemos o processo educativo é complexo e fortemente assinalado por variáveis pedagógicas e sociais, entendemos que esse não pode ser analisado fora de uma interação dialógica entre escola e vida, considerando o desenvolvimento humano, o conhecimento e a cultura em que cada escola está inserida. Para isso devemos pensar que ao ensinar os princípios éticos, são necessários pelo menos dois fatores, primeiro que os princípios se expressem em situações reais, nas quais os alunos possam ter experiências e conviver com a sua prática; segundo que, haja um desenvolvimento da sua capacidade de autonomia moral, isto é, de capacidade de analisar e eleger valores para si, consciente e livremente.
Nesse contexto é importante destacar que o papel funcional dos sujeitos da aprendizagem, alunos e professores, que interpretam e conferem significado aos conteúdos com que coexistem na escola, a partir de seus valores previamente construídos e de seus sentimentos e emoções, sejam incorporados no cotidiano das escolas, especialmente no interior das salas de aula.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
SILVA, Nelson Pedro. Ética, Indisciplina & Violência nas Escolas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

GOMES, Nilma Lino. Indagações sobre Currículo: diversidade e currículo. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental, Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros Curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF,1997.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola

Conforme objetivo desse blog está disponibilizando no link ao lado o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola.
Este projeto é uma das produções elaborada para atender a proposta do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) ofertado Pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Que, conforme uma das estratégias é a disponibilidade deste, assim como serão das demais para interação e troca de idéias entre professores, funcionários, pais, alunos e a quem mais interessar este assunto bastante preocupante no cotidiano escolar. E quem sabe nesta troca de idéias possamos identificar as causas da indisciplina, elaborar um documento conciso com sugestões para ajudar os professores que sofrem por não conseguir passar os conteúdos mínimos necessários para a aquisição do conhecimento, ou ao menos, possamos estar juntos (as) para enfrentar os desafios que uma sala de aula dos dias de hoje impõe. Acredito que ouvir todos os lados irá me dar subsídios para produzir este material (Artigo Final). Logo sua participação é de suma importância. Conto com todos que acessarem esse blog.